quarta-feira, 8 de julho de 2015

Recuperação de pisos de madeira: saiba quando e como fazer



 Trocar ou recuperar o piso de madeira, no momento da reforma, é uma decisão que envolve uma série de critérios. “Como profissional que tem preocupação com a sustentabilidade, recomendo que os tacos ou assoalho sejam restaurados. Mas, se for imprescindível substituir por outro material, é essencial que o piso seja de madeira certificada. Para identificar a procedência do material, há o selo FSC que garante às empresas controle efetivo da madeira”, orienta a arquiteta e mestre Marcia Mikai Junqueira de Oliveira, titular do escritório Pentagrama Projetos em Sustentabilidade.



A arquiteta destaca propriedades que tornam o piso de madeira bem-vindo em praticamente todos os ambientes. “Este é um material natural e recurso renovável, agradável ao tato e isolante térmico”, diz.

Para Ricardo Tosi, diretor da Aplicadora Master, a princípio, todo piso de madeira pode ser recuperado, independente do seu tipo ou formato – taco, régua ou assoalho. “Desde o Ipê, que é o mais resistente de toda a cadeia, até a amêndola, menos densa e que marca mais, todos podem passar por este processo”, diz, informando que quanto mais escura, mais resistente é a madeira.




RASPAGEM PODE IMPEDIR RECUPERAÇÃO

“A madeira é um material que vale a pena recuperar, exceto quando o piso já foi muito raspado. Após algumas raspagens, as beiradas de encaixe do piso ficam fragilizadas, aumentando a possibilidade de trincas ou quebras das peças”, alerta a arquiteta. Tosi complementa dizendo que em condições ideais o material pode ser raspado até cinco vezes ao longo de sua vida útil e acrescenta: “Quando há algum taco solto, em alguns casos é possível reaproveitar a própria peça ou, então, instalar um novo, que é igualado aos demais pelo processo de raspagem”.

COMO RECUPERAR



O primeiro passo da raspagem é o desengrosso, que retira a resina e nivela o piso. Depois são usadas as lixas mais finas para polimento. “Hoje não se usa mais o pó da madeira e cola para a calafetação, que saía muito rápido. É usada uma massa acrílica da cor do taco ou assoalho, ou colas de poliuretano. Os materiais estão mais duráveis, seguram melhor os tacos, secam mais rápido e trabalham junto com a madeira”, explica.


As resinas também evoluíram: antes, eram mais duras e trincavam com a movimentação da madeira. Agora são usadas as resinas de poliuretanos à base de água. “Essas resinas secam em apenas oito horas e curam no prazo de 24 horas até sete dias, dependendo da resistência – ou seja, quanto mais resistentes ou de altíssimo tráfego, mais rápida é a cura. Soluções como o sinteco, à base de ureia e formol, ainda estão presentes no mercado, porém, demoram três dias para secar e até trinta para curar, ou seja, exalam cheiro por todo esse tempo. As atuais não têm cheiro e aceitam retoques”, destaca. 

Por se tratar de poliuretano, a resina é flexível, assim como a madeira que movimenta conforme a umidade do ar e a temperatura. As resinas com mais brilho são as mais resistentes, porém, arquitetos e consumidores já há tempos vêm optando pelo tratamento fosco.



CUIDADOS

“O contrapiso exige cuidados, tanto na recuperação quanto na instalação do piso novo. A impermeabilização deve ser muito bem projetada e executada”, recomenda Marcia Mikai.

1- Todo piso térreo sofre o impacto da umidade do solo. Por isso, Ricardo Tosi orienta que, antes da recuperação do piso ou da instalação de um novo, a condição do contrapiso seja avaliada. “O risco de não fazer a impermeabilização é a movimentação da madeira, causada pela umidade. Se receber umidade, a madeira incha e as peças empurram umas contra as outras. Como não há para onde expandir, levantam, empurrando tudo, inclusive rodapés e paredes. Há casos em que as paredes foram rachadas”, alerta.

2- Em caso de reforma, especialmente no andar térreo, é preciso que o contrapiso já esteja impermeabilizado. Para a instalação de um piso novo a impermeabilização é feita com resina que o próprio aplicador pode executar.

3- Na etapa seguinte, os tacos ou assoalho são colados. A cola branca usada no passado para instalar o piso foi substituída pelo poliuretano, com a vantagem da secagem rápida, permitindo a raspagem e aplicação da resina em dois ou três dias contra 20 a 30 dias da cola.

4- A instalação dos tacos ou do assoalho deve ser feita com uma distância de, pelo menos, 0,5 cm da parede e do rodapé, caso contrário, quando a madeira incha, as réguas vão empurrar umas às outras e encanoar. Tosi observa que a atual tendência da arquitetura de instalação de rodapés embutidos – a parede é escavada para instalação do rodapé no seu alinhamento –, apesar de visualmente atraente, é uma solução técnica ruim para a madeira, pois não deixa espaço para sua expansão.

OPÇÕES E TENDÊNCIAS

O piso de madeira tem, em geral, dois centímetros de espessura, mas já começam a surgir no mercado produtos similares aos europeus, constituídos por pisos estruturados em compensado com apenas um centímetro de madeira pura. 



Por outro lado, permanece a tendência dos pisos de demolição. “Existem os pisos originais de demolição, vindos principalmente de residências do sul do país, que são retirados e realinhados. Mas eles podem ser também fabricados, ou seja, uma plaina atua criando a aparência de madeira rústica”, explica Tosi.


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